
Morte. Um tema tão intrigante quanto aterrorizador. A concepção da morte é diretamente influenciada por fatores culturais. Desde a antiguidade o homem procura explicações para esta questão incutida em sua mente, assim dando origem à diversas tradições e festividades na tentativa de se relacionar de alguma forma com este fator inerente à natureza humana. Esta inconstância tomada pelo medo pede por compreensão e profunda reflexão. Hedonistas com o intelecto altamente desenvolvido sempre temeram a morte pelo simples fato de não saberem quando ocorrerá ou o modo como será, ou seja é uma questão fora de seu controle. Esta sombra que persegue cada ser vivo reflete também em seu comportamento social e costumes culturais.
No Egito Antigo quando um faraó falecia, ele era mumificado e toda a sua família, súditos e riquezas eram sepultados juntos na pirâmide. No Oriente a morte é apenas um caminho e morrer com honra é a maneira de alcançar o paraíso. Em diversas tribos indígenas latino americanas a morte é celebrada com danças e lutas com o objetivo de exorcizar os maus espíritos.
A religião também influencia de modo significativo na maneira como a morte é encarada. Evidências acerca desta questão são as festividades de caráter católico que praticamos ou ao menos possuimos conhecimento.
O Halloween tem origem nas festas pagãs celtas, comemoradas durante a Idade Média na Bretanha e Irlanda. Esta festividade chamada Samhain marcava a passagem do outono para o inverno e também o ano novo. Nesta data, imensas fogueiras eram acesas para afugentar os maus espíritos que os visitavam nesta noite. Com o tempo, essas comemorações foram incorporadas nas tradições católicas, e deram origem ao All Hallows’ Eve (véspera do Dia de Todos os Santos), comemorado no mesmo dia. Brincadeiras de criança foram incorporadas à esta celebração e posteriormente, no final do século XIX, esta tradição migrou para os EUA se tornando popular no Brasil apenas na década de 1980.

No México, acredita-se que os mortos tenham permissão divina para visitar seus amigos e parentes uma vez por ano: as almas das crianças chegam no dia 1° de Novembro (Dia de Todos Os Santos) e as dos adultos, no dia 2 (Dia de Finados). Durante “El Día de Muertos”, os vivos celebram a paz e a felicidade com oferendas de flores, comidas, velas, incensos e figuras de açúcar com forma de esqueleto. Estas festividades acontecem no centro e sul do país. A maioria dos mexicanos visita os cemitérios na manhã do dia 2, porém os índios purépechas dos arredores do lago Pátzcuaro mantém vigília na noite do dia 1° e em Tzintzuntzán dançam mascarados.
As mais diversas comemorações deixam evidente um traço que todas possuem em comum: a busca de artifícios para amenizar o medo e a insegurança gerados por esta verdade absoluta inevitável. Porém muitas vezes as festividades são priorizadas em detrimento da real autoreflexão, o que dificulta a compreensão efetiva e melhor relacionamento com este tema tão complexo e imprevisível, entre doces e travessuras.
Um agradecimento especial à Família Alvarez e à Dé Pazinatto, por suas contribuições culturais para a Anima Mundi =)
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