sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Afasta de Mim Esse Cálice


Enquanto os Beatles lançavam “Love Me Do” na Inglaterra, abrindo as portas para a Beatlemania que tomaria conta do mundo nos anos seguintes, em 1964 o Brasil sofria o golpe militar, fato que transformou os anos dourados em “anos de chumbo”. Os militares tomaram o poder e reprimiram os movimentos libertários que aconteceriam futuramente.

Soldados, artistas, cidadãos se viam divididos entre lutar contra o poder vigente ou calar-se frente às armas. A escolha podia ser fatal, oscilando entre prisão e morte. Apesar disso, muitos se opuseram, fazendo movimentos estudantis acontecerem, como por exemplo as reuniões da UNE (União Nacional dos Estudantes), ou criando canções de luta, que eram na maioria das vezes censuradas.

Gilberto Gil e Caetano Veloso foram presos em 1968 por “tentativa de quebra do direito e da ordem institucional”. Em Ibiúna, no trigésimo congresso da UNE, que acontecia em 12 de Outubro do mesmo ano, os policiais invadiram a reunião e prenderam 1240 estudantes, que depois de feridos, alguns gravemente, foram presos, torturados e algumas estudantes abusadas sexualmente pelos policias.

Paralelamente a essa realidade de opressão e tortura, um trabalhador que acabava de perder o dedinho num acidente metalúrgico, reinvidicava pela falta de hospitais para atendê-lo. Anos mais tarde, filiou-se ao sindicato dos metalúrgicos em São Bernardo do Campo, galgando os passos rumo a presidência sindical em 1975. Comandando greves que paralisaram as fábricas em São Paulo e fundando o partido dos trabalhadores, Luís Inácio Lula da Silva, um dos maiores sindicalistas da história do Brasil, foi vítima também da repressão militar, sendo preso pelo DOPS (Departamento Estadual de Ordem Política e Social).

Com o desgaste e a intervenção de muitos sobre o governo tirano, a ditadura foi reprimida, sendo aprovada em 1985 uma emenda constitucional que acabava com todos os vestígios do totalitarismo no Brasil e permitia o voto direto para presidente, até a data inexistente.

Em 1989, Luís Inácio Lula da Silva se candidata à presidência da república, após ter se mostrado um ativista exímio que se mantinha implacável na luta a favor da liberdade e da boa condição do trabalhador brasileiro, porém perde para seu oponente Fernando Collor, um galã, bem vestido e educado. Este último implantou um governo de desestatizações e importações, que junto com o governo de Menem, na Argentina, eram descaradamente corruptos. Novamente a juventude entrou em ação. O último grande movimento estudantil brasileiro, em 1992, acelerou o Impeachment do presidente.

Luís Inácio Lula da Silva sobe ao Palácio do Planalto em 2003, trazendo ao longo dos anos uma decepção ao coração dos que acreditavam em um metalúrgico a favor dos trabalhadores.

É época de eleições. Política é o que rege a sociedade e portanto a vida das pessoas. Mostra-se então necessário deixar para trás as decepções e trazer de volta o espírito estudantil e a força da juventude de 1968 ou de 1992 para a atuação na política. Pouco adianta reclamar da atual situação caótica e suja dos governos e parar por aí. Erguer o cálice da palavra uma vez cantado por Chico Buarque e Milton Nascimento e acabar com o cale-se que as acomodações trazem. É tempo de eleições. Não é tempo de decepções. É hora de agir.

por Mat Guzzo

2 comentários:

mat-ma disse...

sintetizou o espírito das eleições de forma magnífica: ação.

a juventude é a força motriz das mudanças contra o regime vigente. atualmente se faz necessário seu maior envolvimento e atividade no setor político, visto que o otimismo brasileiro exacerbado contrasta com a falta de esperança na política. transformações do sistema e evolução da sociedade não ocorrerão embasados na alienação e comodidade juvenil. é hora de começar uma nova era. uma era sem decepções passadas que nos sirvam como entrave. uma era que começa com um voto.

Anônimo disse...

Votar só nao basta.
É preciso votar bem.
PEsquise antes seus candidatos.
Se nao é capaz q vc eleja um collor da vida ou ate mesmo um lula!