segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Editorial

Será que todos acreditam no futuro da nação?




Nos jornais, revistas, televisão, não se fala em outra coisa a não ser nas eleições municipais de 2008. As ruas, repletas de bandeiras, folhetos e paródias, evidenciam a época em que os cidadãos brasileiros escolherão seus prefeitos e vereadores. É de se prever que diversos jovens votarão pela primeira vez, direito que deve ser valorizado e respeitado. Para tanto, é importante que se conheça o assunto mais a fundo.


Sabe-se que a partir dos 18 anos o voto se torna compulsório para todos, independentemente do grau de escolaridade. No entanto, questiona-se se aquele que não é apto a escrever nem mesmo o próprio nome teria conhecimento suficiente para fazer uma escolha consciente e por si só. Como toda generalização é temerária, não se pode argumentar que todo ser que não domina a escrita é também analfabeto político. Por mais que a escola possa contribuir em boa parte para a formação do cidadão, restringir o voto de quem não escreve anularia injustamente a representatividade de boa parcela da população. Conclui-se, então, que a única solução para o impasse se dá a longo prazo: o pleno exercício da cidadania só será garantido através do investimento em educação.


Enquanto o país não adquire os índices satisfatórios nesse campo, o horário eleitoral se responsabiliza por transmitir o mínimo de informações para que a escolha possa ser feita. No entanto, o que se afere é um marketing voltado para sensibilizar e impressionar o telespectador de maneiras mais inusitadas possíveis. É rara a divulgação do histórico dos candidatos, enquanto o que se encontram são músicas que não saem da cabeça, slogans risíveis, animações que beiram à infantilidade e promessas previsíveis, que quase sempre não são cumpridas. Qualquer indivíduo que tenha um mínimo de espírito crítico sente-se, ao menos, incomodado perante a banalidade com a qual a classe governante encara o voto.


O horário político, contudo, não é o único fator de decepção do eleitorado. Os indícios de corrupção expostos diariamente nos meios de comunicação denunciam a que ponto de degradação se encontra a política brasileira. Desvio de verbas, pagamentos de propina, chantagem, mensalão, grampos, cartões corporativos - eis alguns dos numerosos exemplos de desvio ético da classe dos governantes. A sujeira é tamanha, que parece não haver mais espaço para aqueles que desejam, de fato, exercer seus mandatos de forma exemplar e competente. Para todos que se elegem, há duas saídas: entrar no jogo corrupto ou calar-se diante dos abusos de poder. Quem contesta o sistema costuma ter sua carreira política, quando não a vida, arruinada.


Diante de tais fatos, para muitos resta a descrença. É lastimável ouvir que famílias inteiras votarão nulo nas Eleições de 2008 por falta de opção, ou melhor, por falta de esperança. Se o povo passa a ter essa postura de distanciamento em relação àqueles que definirão o futuro de seu próprio país, ignorando a importância do voto, é a democracia que fica severamente atingida.


É preciso, mais do que nunca, que o jovem passe a se comportar de maneira menos indiferente e desinteressada diante da política que o rodeia, pois somente da juventude se pode esperar a renovação. Portanto, não fique aí parado. Aproveite o tema das duas próximas semanas, que envolve eleições, para opinar através do ensaiolotus@hotmail.com e ajudar a construir o seu voto e o de diversos outros jovens.

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