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Na aurora do pensamento moderno, os Iluministas acreditavam que a emancipação intelectual após séculos de opressão, finalmente os levaria ao progresso que ampliaria sua competência como produtores de bens materiais e a sua conduta de acordo com os princípios da razão, resultando assim no aumento gradativo da felicidade. Porém, o decorrer da história infelizmente provou o contrário.
O sonho de que as inovações tecnológicas ajudariam o homem nas suas árduas tarefas cotidianas, assim lhe restando mais tempo para dedicar às atividades artísticas e intelectuais, se transformou no pesadelo de muitos que se viram totalmente substituídos por máquinas e outros que foram obrigados a se adaptar ao ritmo das mesmas.
O trabalho, apesar de inerte ao ser humano, apresenta incessante metamorfose. Estas transformações representam benefício indiscutível para a sociedade, posto que ela não é uma entidade estática. Porém, o rumo que as relações trabalhistas está trilhando pode causar danos cada vez mais prejudiciais à própria humanidade.
A Revolução Industrial é um marco nestas relações constantemente mutáveis. A partir deste movimento, um personagem antes secundário tomou as rédeas do enredo: o capital. A supervalorização do lucro logo mostrou sua face mais temível, incutindo nas mentes uma deturpada concepção preferencial sempre pelo trabalho atrelado ao capital e desprezando ou reduzindo ao segundo plano o trabalho de arte, que aos seus olhos não apresentava tanta utilidade quanto os demais.
Este preconceito remanesceu incrustrado nos alicerces da sociedade, minando qualquer tipo de revolução. O artista, diversas vezes dado até como louco, não hesita em demonstrar através de suas obras, sejam elas referentes à literatura, escultura, pintura ou qualquer maneira de expressão, os seus pensamentos, anseios e desejos a respeito do sistema que o rodeia. Isso o torna extremamente perigoso à ordem vigente, sendo assim marginalizados pela sociedade.
A conjuntura trágica causada pela Revolução Industrial exigiu enfoque na Questão Social. Diversas linhas de pensamento político surgiram, dentre elas o socialismo científico. No século XIX, Marx já alertava para os perigos iminentes que o sistema capitalista desenfreado trazia consigo, como a mais-valia. Malefícios para a saúde e a preocupante alienação deterioraram a situação miserável dos trabalhadores, principalmente do proletariado. A educação então começou a conquistar crescente importância. Atualmente o trabalho braçal está sendo desvalorizado e a qualificação está tomando o seu lugar. Utópico ou não, seu projeto profetizou problemas que o sistema capitalista ainda enfrenta. A complexa problemática contemporânea exige mudanças drásticas nas relações de trabalho ou no final não se poderá distinguir quem é homem e quem é máquina.
A aurora iluminista por fim se tornou breu, onde só se pode ouvir um ruído muito peculiar: tic-tac.tic-tin.tin-tac. Já não é possível dissociar o som das engrenagens do tempo e do tilintar das moedas.
por Mary Ueta
Um comentário:
Mary!
Primeiramente, parabens pelo texto, impecavelmente ecrito!
Nao sei se eh um problema do meu computador ( o que eh provavel que seja, visto que nem os acentos consigo mais fazer ) mas nao consigo visualizar as imagens!
Gostei do paragrafo que fala sobre a valorizacao da arte. Na minha opiniao, o conceito de arte eh totalmente relativo. O que eh arte para mim, pode nao ser para voce, mas ser para quem a criou.
Bjs, bjs, bjs!
(Contente com a volta do Ensaio!)
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