domingo, 1 de março de 2009

Manchete

Obama e o Imperialismo

Por Juliana Zero

obama_alexross

Na última quinta-feira foi divulgado o primeiro Orçamento da era Obama, que deu forças à ideologia da mudança. Afirma-se isso, pois três fatores merecem especial atenção no planejamento econômico: os mais ricos pagarão mais impostos a fim de financiar a criação de um fundo de saúde pública, os gastos com Diplomacia aumentarão e a verba gasta com a Defesa será menor.

Analisando o posicionamento dos EUA no século XXI, percebe-se que o último fator citado é de extrema significância. Nesses tempos, o famoso imperialismo americano esteve principalmente em dois focos: Afeganistão e Iraque.

Pode-se dizer que a guerra no Afeganistão é uma grande armadilha aos Eua, pois os soldados desse país do Oriente Médio foram treinados e armados pelos próprios norte americanos em 1989, para expulsar as tropas soviéticas e derrubar a ameaça de um regime comunista. Conflitos marcaram a instalação do novo Governo, até que a milílicia islâmica Taleban assumiu o poder. Insatisfeitos, os norteamericanos começaram a pressionar a mílicia, sendo que eles próprios foram responsáveis pela falta de organização na transição de regimes.

Anos mais tarde, a culpa dos atentados de 11 de setembro foi então atribuída à Osama Bin Laden, membro da organização considerada terrorista Al Qaeda. Os Eua invadiram o Afeganistão em outubro de 2001 acusando o Taleban de apoiar o saudita.

Hoje, 38 mil soldados americanos são mantidos no Afeganistão e Obama acaba de anunciar o envio de mais 17 mil tropas. Até a presente data já foram gastos 118 bilhões nesse conflito.

No entanto, esse dinheiro parece insignificante comparado ao que foi gasto na guerra com o Iraque: 687 bilhões de dólares. Além disso, os EUA mantém 143 mil soldados nesse país. O saldo de morte de civis iraquianos ultrapassa os 85 mil.

O suposto pretexto da invasão é conhecido por todos: os iraquianos possuiam armas de destruição em massa e ameaçavam a segurança norteamericana, abalada pelos atentados terroristas. Após um ano de combate, George Bush mudou seu discurso, dizendo que a invasão acontecia para promover a paz e democracia mundiais. O presidente iraquiano Saddam Hussein foi capturado e morto na forca em novembro de 2006.

Curioso é saber que os Eua e Saddam já foram aliados no passado, no conflito Irã-Iraque, causado pela disputa de territórios. O interesse americano era derrubar o Estado teocrático iraniano, que havia cortado o fornecimento de petróleo aos EUA.

Após anos de guerra é estranho, ou nem tanto para os mais críticos, que as supostas armas nunca tenham sido encontradas no país, que, coincidentemente, é rico em petróleo. Outra casualidade é o fato de que todos os contratos para a reconstrução do Iraque estão hoje nas mãos de empresas norteamericanas.

Nos últimos dias, Obama, de mesmo sobrenome que Saddam, anunciou a retirada gradual das tropas americanas no Iraque até 2011, demonstrando atitude perante ao fracasso da Guerra chefiada pelo impopular George W. Bush.

Diante de tantos conflitos, a personalidade de Obama é, sem dúvida, a imagem da esperança para muitos. As medidas econômicas tomadas na última semana caracterizam um bom começo.

icpssos40261208201023photo00

3 comentários:

Giovana Nunes disse...

Muito bom, Ju! É ótimo ver o ensaio de volta:)

hank disse...

Tenho sempre um pé atrás em relação ao Obama. Realmente, o legado deixado por Bush inspira mudanças. O novo presidente veio pra ser a esperança dos cidadãos do mundo. Seus atos mostram que ele se preocupa com essa imagem: o primeiro a conversar com ele após a posse foi o presidente da Autoridade Palestina. Mas será que a imagem reflete a moral de Obama? Quando se vive num país que quebrou a cara com Collors e Lullas, é díficil acreditar que sim...

Parabéns pelo texto, Ju! Atual e crítico, tá aí pra mostrar que o Ensaio voltou pra valer =)

a virgulab disse...

O comentário do Hank foi realmente muito pertinente. Na conjuntura, o que a maioria precisa é otimismo. Mas não devemos exagerar na dose. As medidas tomadas por Obama refletem o começo de uma nova era. Mas somente o começo. Os Estados Unidos, e o mundo, terão ainda anos pela frente para comprovar as políticas adotas hoje e para, obviamente, cobrar novas. Espero que as atitudes de Obama assim perdurem.

Beijos a todos :*