domingo, 5 de outubro de 2008

Que se faça o Blog!

Do século XX para cá, a Internet vêm afetando a existência de todos, os relacionamentos humanos, o valor que o tempo tem. Ela não deixaria de influenciar também a veia literária.
Professores e gramáticos ainda arcaicos sustentam um discurso anti-rede, argumentando que a Internet interferiu de modo contundente na linguagem da juventude, introduzindo ao seu vocabulário gírias e abreviações muitas vezes sem sentido. Para eles, a Internet é também o epicentro da diminuição exponencial do hábito da leitura, instrumento tão importante para a construção de opiniões fundamentadas, de um vocabulário diferenciado e da boa argumentação.Todos usufruindo a Internet dessa forma, o resultado só poderiam ser textos terrivelmente mal escritos, falta de coesão de idéias nos mesmos e ausência de raciocínio literário lógico, não? Não.
Os blogs desbancam as opiniões arcaicas, mostrando textos bem escritos, críticos e fundamentados e, principalmente, mostram o resultado de verdadeiros processos criativos. Um inovador expositor de idéias, o blog tornou-se a mídia em voga, que não menospreza as outras existentes, como o próprio livro, mas sim as transcende. O blog já ser tornou um instrumento tão influente, que cursos de comunicação como jornalismo e publicidade incorporaram a aprendizagem de tal mídia em sua grade curricular.
O blog respira o conhecimento que o blogueiro possui para alcançar seu propósito. Ele não caminha solitário, nem exclui a arte. Muito pelo contrário, as inspirações e as influências durante o processo criativo são necessárias. Esse é o grande pecado do discurso anti-rede, argumentar que a Internet diminui outros movimentos artísticos. O blog faz exatamente o movimento inverso. Ele traz o conhecimento obtido por uma única pessoa para todos os interessados.
Um fenômeno crescente e importante é o blog com produções literárias próprias, textos e poemas. Nesses blogs, autores não-profissionais – porém não amadores - divulgam suas paixões pela literatura, fazem menções a grandes escritores e, claro, mostram suas próprias produções literárias, cada qual com seu estilo, cada qual com sua influência. Escritores que anteriormente não teriam espaço nas mídias convencionais, como jornais e editoras, hoje podem mostrar suas obras não somente para seu país, como também para todo o globo. O blog pode ser o início para artistas com pouco espaço, que anseiam mostrar ao mundo do que a arte é feita. Ele é muitas vezes gratuito e possuem espaço ilimitado, vantagens em relação à publicações impressas.
Mas o blog não acaba em si mesmo. O blog pode migrar para as outras áreas artísticas, como ocorreu com a escritora e blogueira Clarah Averbuck, que teve seus posts transformados em livros. Posteriormente, dois de seus romances, “Máquina de Pinball” e “Vida de Gato”, transformaram-se no premiado longa-metragem “Nome Próprio”, que tem como protagonista Leandra Leal. O enredo é também permeado pelo universo blogueiro, no qual a personagem Camila vive, inundada na paixão de escrever. Atualmente, Clarah posta seus textos e eventos no “Adiós Longue” – http://adioslongue.blogspot.com
Pelo fato da Internet ser exatamente ilimitada e sem fronteiras, não podemos deixar de citar que há sites desqualificados em ativa hoje em dia, porém devemos sempre enaltecer a importância dessa mídia no enriquecimento da literatura nacional, na circulação de idéias entre as diferentes artes e pessoas e, principalmente, no fomento de novos talentos.

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Por Virgu Laborão
Agradecimentos a Ju Zero e Hank Adorno

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