domingo, 14 de setembro de 2008

Troca de Fluidos

Morte Digna

Um dos assuntos mais debatidos no âmbito médico tomou, recentemente, proporções ainda maiores na região de Andaluzia, Espanha, atingindo inclusive o poder legislativo daquele país. O motivo é o polêmico projeto-lei (P.L.) anunciado na semana do dia primeiro de setembro que puniria médicos que dessem continuidade terapêutica a pacientes sem perspectivas de recuperação.

A criação da lei seria justificada por um fato simples: pacientes nesse estágio da doença acabam sobrevivendo sem a menor condição de usufruir os seus dias de vida prolongados por máquinas que auxiliam suas funções vitais. Sendo assim, o prolongamento seria apontado como inútil e injustificável pela lei.

De acordo com o projeto lei, o médico responsável pelo paciente teria a obrigação de limitar as medidas de suporte vital quando não as considerasse necessárias. Ele ainda prevê que a justificativa deveria ficar registrada no histórico clínico do paciente.

Ainda de acordo com o P.L. a decisão médica prevaleceria mesmo que isso contrariasse a vontade dos familiares.

O mesmo valeria para pacientes acima de 16 anos, uma vez que, a partir dessa idade, eles poderiam decidir por si próprios.

A exemplo de Inamaculada Echevarria, paciente espanhola que após nove anos vivendo ligada a um respirador conseguiu o direito de óbito, o projeto é considerado por diversos países como um avanço na legislação, uma vez que proporcionaria uma morte mais digna, com menor sofrimento e angústia àqueles cuja vida já estaria limitada. Contudo, ele promete também ser alvo de incisivas críticas no que diz respeito à sua execução quando sem o consentimento dos familiares do paciente.

A imposição pode transformar até a atitude com o mais nobre dos fins em um vilão cruel, unilateral e frio.

Mais informações acesse o site: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1008588


por Gabriela Palhares

Um comentário:

hank disse...

A que ponto chegamos?!? Até mesmo o médico, cuja profissão tem o nobre objetivo de prolongar a vida daqueles sob seu cuidado (conforme o juramento de Hipócrates), vê-se obrigado a tolher a mesma vida caso "o prolongamento seja apontado como inútil"!! Não existe prolongamento inútil. A vida deve estar em primeiro plano em qualquer sociedade que se preze. Desprezarmos a importância da vida humana faz-nos seguir, paulatinamente, por um caminho que muito tem de tenebroso. Alguém aqui se lembra da ditadura? Que relevância tinha a vida dos comunistas para os militares? Isso sem falar nas atrocidades cometidas por Hitler contra os judeus.
Em consonância com a Constituição brasilera, não hesito em dizer que todos têm direito à vida. E cabe a nós, cidadãos, o dever de lutar pela preservação da vida de nossos semelhantes, não importa o custo.