terça-feira, 19 de agosto de 2008

Editorial

O homossexualismo no século XXI


No dia 28 de maio deste ano, 3,4 milhões de pessoas se aglomeravam na Avenida Paulista com o objetivo de participar ou prestigiar o maior movimento de expressão da comunidade homossexual no mundo: a Parada Gay de São Paulo. Tal acontecimento evidencia diversas realidades: a vontade de liberdade dos participantes, a segregação ocasionada tanto pelos mesmos quanto pela sociedade e a maior tolerância revelada pelos heterossexuais em relação à presença gay. Antigamente, a homossexualidade era totalmente escondida, mascarada. Queimados nas fogueiras da Inquisição, impedidos de usar anéis ou roupas vermelhas, os gays de hoje, apesar do preconceito ainda vigente, são tratados com maior liberdade e aceitação.

Porém, uma conseqüência dessa maior liberdade é o surgimento daqueles que escolhem a homossexulidade em busca de um prazer alternativo. A modernidade acarretou uma banalização da atração referente a indivíduos do mesmo sexo. Hoje, o ato sexual no relacionamento é tão fácil e comum, que homens e mulheres buscam formas diferentes de obter suas volúpias. Por existirem atualmente homossexuais que o são por escolha própria e outros que possuem tendência para sê-lo, pode-se dizer que as raízes do homossexualismo são diversas.

No meio religioso, existem diversas teorias que tentam explicar, mesmo que misticamente, a origem ou o caráter do homossexualismo. Existem vertentes do espiritismo que encaram o gay como um indivíduo cujo gênero do espírito é o oposto ao do corpo. Lésbicas teriam, portanto, espíritos masculinos que, por algum motivo, se encarnaram num corpo feminino. O Islã tradicionalmente interpreta a homossexualidade como pecaminosa. Nos países onde a shari'ah (Lei Islâmica) é válida, a pena por cometer atos homossexuais pode ser a morte. Na visão da Igreja Católica, o comportamento homossexual é uma tedência que alguns indivíduos têm de apresentar uma atração sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo. Embora relegue à Ciência a tarefa de desvendar as origens psíquicas do homossexualismo, a Igreja, assim como a grande maioria das comunidades eclesiais cristãs, condena as práticas homossexuais, por serem "contrárias à Lei Natural".

Como a moral católica esteve fortemente presente na formação dos valores da população brasileira, esta historicamente enxergou o homossexualismo como algo repreensível. O problema é que existe, na raça humana, uma tendência a segregar aqueles que fogem do padrão aceito pela maioria. Surge daí a discriminação, seja na vida pessoal, nas relações sociais ou no ambiente de trabalho (como no tão repercutido caso do sargento gay preso supostamente pela exibição de sua homossexualidade). Na tentativa de combater o preconceito, começou a ganhar desenvoltura, principalmente na segunda metade do século passado, o movimento gay. No Brasil existem associações que fazem lobby em Brasília e organizam passeatas como a Parada Gay de São Paulo. Questiona-se se através de seu modo de atuação o polêmico movimento gay tem de fato contribuido para a convivência entre homo e heterossexuais ou se têm denegrido cada vez mais a imagem do primeiro grupo.

Seja qualquer a crença, quaisquer os princípios, qualquer a religião, a comunidade gay merece ter seus direitos respeitados como cidadãos e, em resposta, deve agir conscientemente, reconhecendo suas limitações. O tema é polêmico. Por isso mesmo, jornal Ensaio convida a todos aqueles interessados na discussão do assunto a mandar suas composições para o e-mail ensaiolotus@hotmail.com. Textos enviados serão publicados no Troca de Fluídos!

Nenhum comentário: