terça-feira, 3 de junho de 2008

Anima Mundi

20 de abril de 1999, Condado de Jefferson, Colorado, EUA

Uma escola comum.
Dois estudantes comuns.
Porém infelizmente nada era como aparentava.

Um massacre absolutamente incomum.

No 110° aniversário de Hitler a Columbine High School, uma escola secundária sem histórico de violência em seus domínios, se tornou palco de uma tragédia motivada pelo desejo de vingança e ódio alimentada por dois de seus próprios alunos: Eric Harris, de 18 anos, e Dylan Klebold, de 17 anos, ambos de classe média alta. Eles arquitetaram meticulosamente cada passo de seu plano, providenciando todo o equipamento e munição necessária e marcando em um livro de formatura os nomes das pessoas que deveriam ser executadas e aquelas que deveriam ser poupadas. Os jovens faziam parte de um grupo que se autodenominava “Máfia da Capa Preta”, onde os integrantes compartilhavam o sentimento de exclusão em uma escola conservadora que privilegiava os atletas e extravazavam seu ódio pela internet defendendo a doutrina nazista.
Aproximadamente às 11 horas da manhã o atentado começou. Os dois alunos deixaram seu carro no estacionamento do refeitório, implantaram os primeiros 9 quilos de explosivos e esperaram a saída dos alunos para começar o tiroteio com espingardas de caça e armas semi-automáticas. Depois invadiram a biblioteca e por fim se suicidaram. No total foram 13 mortes (12 estudantes e 1 professor) e lembranças que nenhum dos ali presentes jamais esquecerá.
É verdade irrefutável que onde existe convívio humano, coexistem conflitos. Porém exemplos dramáticos de violência física e delitos graves, como o roubo, em ambiente escolar são mais comuns do que se possa imaginar. Quem seriam os responsáveis pela formação (ou deformação?) de cidadãos? Cômodo seria os pais atribuirem este papel estritamente à escola, quando a sociedade e principalmente o núcleo familiar exerce grande papel na sua real consolidação. Entretanto cabe a escola desempenhar papel complementar na formação tanto acadêmica, quanto ético moral, adotando uma postura coerente em situações extremas, na sua contenção e punição- justa para ambos lados- assim exercendo o real papel de educadora. Talvez a instituição escolar esteja se tornando mais uma “vítima” das inversões de valores tão presentes atualmente, e sua figura esteja mudando de instituição moldadora à instituição moldada, ou seja manipulada ao bel prazer dos que a frequentam. Assim perdendo tanto o seu respeito, quanto sua finalidade. Só restando a nós alunos cantar:

“... Mesmo com nada feito
Com a sala escura
Com um nó no peito
Com a cara dura
Não tem mais jeito
A gente não tem cura
Mesmo com toda via
Com todo dia
Com todo ia
Todo não ia
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando
Essa guia”

(Chico Buarque e Caetano Veloso)

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