
A contensão mental a partir de seu meio libertador
Por Bruno Barufatti
São inevitáveis as comparações das músicas do cd 'The Wall' com passagens do filme, levando em consideração a tangibilidade do que era músicas e pensamentos que é ampliada quando são criadas imagens e interações entre os dois. A obra é composta por uma história, da qual não podemos deixar de lado as conexões pessoais do personagem para a análise de seu ambiente escolar.
A principal crítica evidente na música 'Another Brick In The Wall', do Pink Floyd, a qual será analisada, consiste na sistematização do conhecimento e das capacidades em fase de desenvolvimento. Alunos são demonstrados com as mesmas faces, correndo sobre esteiras, lembrando um processo de industrialização. Ao fim do processo são todos moídos, como simbologia de uma diminuição e igualdade entre todas as partes presentes naquele local. Um membro grande contribuinte a essa aplicação ideológica é a imagem criada sobre o professor. Este possui características duras e rígidas, punindo violentamente algo fora do script apresentado por alunos, em específico Pink, o personagem principal do filme. Poemas, simbolizando a expressão emocional são vistos como desacatos à moralidade, sendo a violência aplicada como uma forma de contê-lo. Mas o desacato praticado, certamente está nas agressões, as quais não geram nenhuma contribuição ao construtivismo da personalidade do ser, muito pelo contrário. As ações do professor são descritas como forma de evidenciar as fraquezas, sendo elas geradas pela violência e frustração que eram submetidos no dia-a-dia. O que ocorre é uma repressão, uma contensão de sentimentos onde o indivíduo sente-se mal por se observar diferente do resto. A música é tida como forma de exteriorizar a raiva contida dentro do reprimido, tanto é que é feita em tom de protesto, reforçado pelo coro entoado por crianças no refrão. O uso da terceira pessoa demonstra a universalidade dos pensamentos entoados.
É compreensível ressaltar que a escola tem uma rotina a seguir, um sistema a cumprir. Porém, há meios para que isso não aconteça. Em um ambiente escolar é criada uma sociedade dentro de outra, onde se as individualidades não puderem ser respeitadas, haverá conflito mutuo entre todas as partes presentes nessa sociedade, e a culpa será atribuída à escola, por ser o meio de geração dos conflitos. A violência é uma índole individual do ser humano que é desencadeada de diferentes formas em cada um, mas com certeza ela pode ser evitada.A vida fora do ambiente escolar também contribui para uma atribuição de peso maior ou menor para os acontecimentos nesse ambiente. O fato é que as pessoas enxergam as escolas como futuro, pois nela está desencadeada a maior parte da capacidade criativa de uma pessoa em determinada idade, sendo essa muito dependente disso e tornando-se incapaz de assumir responsabilidades individuais.
O local de expressão da violência pode não ser necessariamente o ambiente escolar. Levando peso de repreensões consigo a vida toda, o meio pode ser outro, podendo até levar alguém a cometer os mesmos atos de que sofreu como forma de se aliviar. Como menciona a música, pessoas formam muros em volta de si, alienando-se, reprimindo-se. Mas a escola pode gerar tijolos simétricos que formarão o muro da sociedade.
Na sociedade moderna esse papel de formação pessoal tornou-se ressaltado devido à ausência familiar no desenvolvimento do indivíduo. Não dá para exigir autodidatismo de uma criança que ainda não conhece os passos de sua vida.

Onde estão as oficinas de arte? Onde estão as oficinas de esporte? Onde estão os aspectos humanos? Isso é uma violentação às personalidades contidas dentro de várias pessoas e mostram que a violência não se dá apenas explicitamente e fisicamente.
Esse é um processo que tem continuidade ao longo da vida, com o trabalho e rotinas afins, mas têm início em algum lugar.
Outro aspecto contribuinte para atitudes serem tomadas voltadas às escolas é o meio permitir reconhecimento dos atos, que gerarão repercussões. É a forma de revolta que alguém vai ter, podendo até não ser global, mas é dentro de uma sociedade importante para a convivência.
(Baixista do Pink Floyd e grande contribuinte para a composição das músicas do grupo, Roger Waters em entrevista recentes chegou a comentar que hoje em dia considera errada a interpretação gerada pelo grupo sobre o tema escola. Em suas falas, garante que compreende a essencialidade do ensino para uma pessoa. É a análise de um indivíduo que adapta seus pensamentos à modernidade e sabe as críticas que poderiam ser geradas por suas palavras.) - Desprezível?
Another Brick In The Wall - Pink Floyd
3 comentários:
UAAU, isso ta muito bom :)
parabéns bruno
to morrendo de saudade de voce!
beijos
ps: é a déts
Pink Floyd na sua essencia.
A maneira com a qual voce explorou o tema não poderia ser melhor.
A escolha do Pink Floyd abordou a real questão dos conflitos nos ambientes escolares e realçou a altíssima qualidade de sua musica.
extremamente coerente.
o texto esta sublime.
simplesmente perfeito.
um beijo
Postar um comentário