O controle sobre a Morte

Para os samurais, pela honra. Para os depressivos, pelo fim da agonia. Para os terroristas árabes, pelas virgens paradisíacas. Para os assassinos, pelo medo das conseqüências. Não importa o caso, o suicídio tem sempre razões para acontecer, razões essas que nunca são insignificantes: precisam vencer a ânsia natural de todo ser humano pela sua própria vida.
Por mais que os motivos pareçam à primeira vista plausíveis, observa-se um caráter de egoísmo na ação do suicida, o qual não leva em consideração as conseqüências desastrosas que isso certamente trará para todos aqueles que o cercam, principalmente sua família. No entanto, existe também o egoísmo proveniente do resto da sociedade. Visa-se evitar essa situação pensando apenas no sofrimento daqueles que não levam em consideração a tristeza e perturbação na qual o suicida encontra. É fato que ele muitas vezes não possui discernimento para distinguir o que seria bom ou ruim para sua própria vida, considerando que se encontra em um extremo de confusão mental e, possivelmente, depressão. Os problemas e descrenças são tantas que opta-se pelo caminho mais simples, mas não menos corajoso: o de acabar com a própria vida. Apesar de muitas vezes taxado como covardia, o suicídio é, na realidade, caracterizado pela falta de compreensão e acentuado individualismo de ambas as partes. Resta saber se aquele que deseja acabar com a própria vida tem o direito de fazê-lo.
A legislação brasileira, como não poderia deixar de ser, contempla em um de seus artigos o ato suicida. O que pode ser surpresa para alguns é o fato de as leis do país preverem condenação para todo aquele instiga ou induz alguém a se suicidar. Se isso parece um ataque às liberdades individuais num primeiro momento - quem se mata o faz por vontade própria -, a legislação, ao ser analisada com mais profundidade, tem um porquê de existir. Como sua função é manter a sociedade convivendo de forma harmoniosa, ela encara o suicida como alguém que prejudica esse equilíbrio. Presenciar um ato suicida, pois, pode ser traumatizante para uma criança. Além disso, a morte de um conhecido tem repercussões na vida de dezenas de pessoas. Quando ocorre uma fatalidade que poderia ter sido evitada, como é o caso, o Estado vai em defesa do bem comum, da coletividade, conseqüentemente condenando aquele que, mesmo que indiretamente, é fator causador do suicídio.
O tema que se segue nas próximas três semanas é macabro: Morte. Comente sobre qualquer assunto relacionado: eutanásia, vida após a morte ou até mesmo o suícidio, para aqueles que conhecem alguma história do gênero - ou resolveram se suicidar após ler este texto! As contribuições enviadas para ensaiolotus@hotmail.com serão publicadas no Troca de Fluídos!
Um comentário:
Eu acredito que o egoísmo de um suicida é o mesmo de uma moça que se recusa a casar com um homem indesejado, quando esse casamento salvaria sua família da ruína financeira. Não sei dizer com certeza se um suicídio deve ou não ser evitado. Concordo, no entanto, que quem o induz deve ser punido. Quer morrer, morra, mas que seja por vontade própria.
*
*
Não publicaram meu texto, seus nojentos. Saudades de todos.
Um Beijo
Gi
Postar um comentário